Imaginem só as seguintes cenas: Em uma galáxia muito distante, mas tipo muito distante mesmo, Darth Vader aparece com seu sabre de luz vermelho e toda sua assustadora imponência para enfrentar seus inimigos e você ouve apenas o som de sua voz (cabulosa, diga-se de passagem), dos diálogos e a ambiência característica de uma batalha intergaláctica (bom pelo menos é o que George Lucas e seus sonoplastas e engenheiros de som imaginaram, eles criaram o barulho emitido pelos sabres lá no fim da década de 70).

Ou então não vamos muito longe,  imagine também a seguinte cena em “Vingadores Ultimato”: Todos os heróis (e são muitos hein) finalmente  se reúnem para acabar de vez com Thanos. Pensa aí, se apenas deixassem o quase sussurro do Capitão América em sua célebre frase “Vingadores Avante” o som da batalha também épica e nada mais. Não está faltando algo? Tipo, não que não fosse legal, mas não tá faltando nada mesmo? Sim família é logico que está, está faltando música, aqueles temas maravilhosos muito bem feitos e orquestrados que mexem diretamente com nossas emoções. Esse é o poder da “Trilha Sonora”.

Quando você pensa em Star Wars e Darth Vader automaticamente a “Marcha Imperial” vai soar em sua cabeça, e é assim também com Vingadores, Jurassic Park, Cavaleiros do Zodíaco, Superman, Batman, diversas séries, novelas etc. Hoje em dia e aliás há um bom tempo a trilha sonora é fundamental e  imprescindível. Porque? Desde quando? No texto de hoje, vamos falar sobre isso.

Como eu disse antes família, não dá pra ver um filme, série, desenho, jogos, anime, peça de teatro etc, sem termos algum som de fundo, isso porque a experiência cinematográfica em sua existência é totalmente audiovisual, a musica é responsável por dar mais intensidade e dramaticidade à cena, dependendo do que estiver acontecendo, é algo que vai com certeza dar mais peso, cor e corpo ao que vivenciamos naquele momento sendo ele triste, angustiante, assustador, altruísta etc. Lógico, que para toda regra existe sua exceção,  no final do texto te digo porque.

Cinetoscópio, Cinematógrafo, Vitaphone

Em 1880 a fotografia já era com certeza uma das grandes descobertas da humanidade, consequentemente essa arte acabou abrindo caminho para outras possibilidades. Foi somente a partir de 1890 que o cinema como conhecemos hoje começou a ganhar forma. Em 1891 Thomas Edson e sua equipe criam o “Cinetoscópio”, um projetor que reproduzia em looping a  imagem previamente escolhida e inserida no aparelho, o engenheiro responsável pela criação foi William Kennedy Lauren Dickson.

Já em 1892 o francês León Boyle decide melhorar o experimento criando assim o “Cinematógrafo” um dispositivo que serviria não somente para projetar imagens em movimento, mas também captar. Só que ele acaba não conseguindo concluir o projeto e ao desistir perde também a patente do nome, que mais tarde seria usado e patenteado pelos irmãos Lumíere.

Três anos mais tarde, os irmãos Lumíere finalizam seu projeto no dia 28 de Dezembro de 1895 em Paris e mostram ao mundo  sua invenção. O filme exibido, era um curta de 60 segundos,  chamado de “A Saída Dos Operários da Fábrica Lumíere“, sem som e sem enredo o filme reproduzido mostrou em movimento um instante do cotidiano das pessoas que ali trabalhavam.

Foi um Marco para toda a história com certeza, pensem na reação das pessoas que estavam ali como convidadas, pois até então nunca havia ouvido falar ou ver tal coisa. Exibido em diversos lugares da Europa inicialmente, a notícia se espalhou rapidamente e muitos outros países passaram a produzir seus próprios cinematógrafos, o mundo nunca mais seria o mesmo. Nascia ali a sétima arte.

Começava assim a primeira fase do Cinema “A era do silêncio”.

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O primeiro filme de 60 segundos de Lumíere

Cinema Mudo a Era do Silêncio

Esse período começou em 1895 e durou até 1929. Os filmes produzidos nessa época não tinham som, pois ainda não era possível captar o mesmo (imagina só parça?), vale lembrar que muitos clássicos nasceram nessa época, pois o foco era a imagem, a atuação dos atores e o enredo. Era tudo mais focado nos gestos, as caixas de diálogo, ajudavam a atenuar a falta de áudio e proporcionavam ao meu ver um certo diferencial as produções, muitos acham ridículo, mas é preciso dizer e lembrar que  era o que dava pra fazer dadas as condições né meu povo.

O ano era 1900, e atores como Charles Chaplin e suas obras ainda hoje emblemáticas passaram a ser destacar e ficar mundialmente reconhecidos, “Tempos Modernos” é de 1936 em preto e branco, não se ouve em nenhum momento a voz de Carlitos e ainda sim é considerado um dos melhores filmes da história do cinema mundial. Até hoje uma crítica à revolução industrial, que veio logo após a grande depressão, ao nazifascismo e ao imperialismo, destaque para Alfred Newman que compôs toda a trilha sonora, é um clássico.

Nessa época, os cineastas usavam o piano principalmente ou até  grandes orquestras  para preencher essa falta de diálogo, o músico, ou os músicos na maioria das vezes estavam presentes  nas salas e teatros onde os filmes eram exibidos, pois ainda não era possível gravar o som ambiente da cena nas fitas. A solução encontrada foi levar musicistas para tocar ao vivo, durante as exibições. Isso mesmo, sempre havia alguém tocando junto com o filme, eu me candidataria hein?! Era uma experiência e tanto!

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imagem: Unsplash – Chaplin

A música e a arte

Não podemos esquecer que a música e a arte (musica é arte né jovem?) estão juntas desde a antiguidade, os Teatros na Grécia Antiga por exemplo, antes mesmo do nascimento de Cristo contavam as sagas e historias de seus Deuses mitológicos através da poesia falada e cantada.

A  música dava o tom e um peso ainda maior para as atuações dos atores, os musicistas muitas das vezes se faziam presentes nos ensaios e gravações dos filmes, participavam de todo o processo tocando peças e sonetos de outros compositores, ou compunham ali seus próprios arranjos para cada enredo especificamente. Com o passar do tempo e a chegada do sistema Vitaphone, um aparelho que gravava e reproduzia o som separadamente é claro, foi decretado o fim do silêncio nos cinemas.

Os diálogos passaram a ser sincronizados, a indústria do cinema crescia cada vez mais rápido  e em  menos de 10 anos o cinema mudo como era conhecido já era coisa do passado.

A Importância para a Obra

A trilha sonora de um filme, série, seja de animação ou não, é tão importante quanto a atuação dos atores ali envolvidos. Volte um pouco no tempo, e lembre-se  de tudo que já  assistiu ou vivenciou, te emocionou, te deixou assustado, algo que tenha te marcado mesmo que não esteja associado à sétima arte. Tenham certeza meus amigxs alguma música te remete a estes momentos. Costumo dizer que a música alimenta a alma, e se escutar já é bom, imagina tocar, ser melodia poder criar e tocar e algo que transcende minha existência.

Hoje em dia existem muitas premiações voltadas para o cinema ou TV é uma forma de homenagear aqueles que mais se destacaram em um ano de diversos lançamentos.  Categorias como “Melhor Música” ou “Trilha Sonora”, são presença garantida nessas premiações e sim no mundo todo existe muita gente boa fazendo trabalhos excepcionais, que elevam as obras nas quais estão envolvidos a um outro nível. Cito aqui por exemplo :

John Williams

O norte Americano John Williams é com certeza uma  referência quando se fala no assunto. Criou diversas  trilhas sonoras que fazem parte da história do cinema mundial, incluindo a de Star Wars, tipo somente… ah e sim ele concorreu 50 vezes ao Oscar durante seus 89 anos de idade.  Em seu Curriculum ainda consta as trilhas sonoras de ET, Tubarão,  Jurassic Park, Harry Potter, Lista de Schindler, Resgate do Soldado Ryan e muitos outros.

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Hans Zimmer

O alemão Hans Zimmer é um dos mais conceituados e aclamados compositores de nossa época, ele é responsável pela belíssima e inesquecível  trilha sonora de “O Rei Leão ” que lhe rendeu o Oscar em 1994, a trilogia  Batman (Nolan), Interstelar, Origem Piratas Do Caribe, 12 anos de Escravidão, Gladiator  e muitos outros clássicos.

Ludwig Goränsson

O sueco de 36 anos vem se destacando como compositor e apesar da pouca idade, já compôs trilhas importantes para filmes como “Tenet”, a Franquia Rocky “Creed”, e  levou pra casa  o Oscar por “Pantera Negra” que eu considero uma das melhores para um filme de super heróis já feita.  Também foi muito premiado pelo seu trabalho com a série  “Mandalorian” . Observação: ele tem o nome de outro grande compositor “Ludwig Van Beethoven”, coincidência???

Pedro Bromfman

Pedro é brasileiro e compôs diversas trilhas sonoras para filmes como Tropa de Elite 1 e 2, além de games,  filmes e séries  internacionais como Need For Speed, e a  série “Narcos”, no Brasil devemos lembrar que a maioria das series e novelas produzidas aqui usam mais músicas de artistas já consagrados ou não para dar mais vida aos personagens.

Fade Out

Menções mais que honrosas a outros tantos diversos compositores, que fizeram obras belíssimas antes mesmo do cinema pensar em existir, ainda hoje as composições de Bach, Beethoven,  Mozart, Tchaikovsky, Vivaldi se fazem presentes.

Para os mais contemporâneos e in memorian, não podemos esquecer de citar  Alan Menken, Bernard Herman, James Horner, Alan Silvestri, e tantos outros. Finalizo aqui dizendo que aprendo muito com a oportunidade de falar de um assunto tão interessante, ouvir a importância da trilha sonora quando ela está lá elevando nossa experiência cinematográfica a outros níveis.

Assistam os seguintes filmes “Gravidade” de 2013 que venceu o Oscar nas categorias Trilha Sonora, Edição de Som e Mixagem de Som, e “Sound Of Metal” aqui para nós conhecido como “Som Do Silêncio” que concorre ao Oscar esse ano de melhor filme e Melhor edição de som, em ambos os longas as trilhas e ambiências sonoras em sua grande maioria são compostas pela ausência  barulho, as vezes só se ouve o som que o corpo faz em situações de total silêncio.

Se  gostou, comenta e compartilhe com os amigos, a família os bichinhos de estimação etc.

Se cuidem pessoal.

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