Será que antes de Batman: O Cavaleiro das Trevas ser lançado, seria possível imaginar que o gênero de heróis estaria tão forte como hoje? Algum fã esperaria ver um filme de Super-Herói ser indicado para a principal categoria do Oscar, como ocorreu com Pantera Negra em 2019?

Ser, e viver a cultura Geek, é cool. O esteriótipo da pessoa Nerd, que tem sérios problemas de socialização e vive escondido em sua casa, já não existe mais. Hoje, não há uma divisão clara entre quem gosta, ou não, de assistir Liga da Justiça ou Vingadores, pois é algo que faz parte do cotidiano, e não uma coisa infantil ou nichada.

Se essa é nossa realidade atual, devemos muito à Christopher Nolan. O renomado diretor, roteirista e produtor britânico, entrou para a história ao assumiu a direção de um projeto que parecia ser só mais um Reboot, mas se tornou um dos maiores e melhores trabalhos cinematográficas já produzido.

A trilogia do Cavaleiro das Trevas tem começo, meio e fim construídos de forma primorosa, no entanto é no seu meio, especificamente no segundo filme, que encontramos seu ponto mais sublime. Neste post, convido você à voltar a 2008 e relembrar o que faz The Dark Knight ser a melhor obra de seu gênero.

Christopher Nolan em Batman:The Dark Knight

O Diretor Christopher Nolan com sua câmera Imax

O ponto de vista de um único homem

Antes de Cavaleiro das Trevas, filmes de heróis seguiam uma linha muito semelhante ao que se encontrava nos quadrinhos. As HQ’s eram adaptadas de forma quase literal. Quando alguém trouxe uma originalidade, como no caso de Tim Burton, pecou ao exagerar no surrealismo. Em outras palavras, não conseguiu o feito de Nolan.

“E acho que foi isso o que Chris fez, ele pegou o melhor do Batman, e as partes mais legais do seu estilo e misturou. Ele não se deixou ser barrado pela ideia preconcebida do que o Batman deveria ser. Ele usou o Batman para explorar assuntos mais sérios e humanos.” – Zack Snyder

Nolan buscou passar uma sensação de realidade, de que o que estava acontecendo no filme, poderia acontecer amanhã, ou a qualquer momento. Gotham continuava sendo uma cidade fictícia, mas uma ficção extremamente similar a uma Nova York, ou qualquer outra grande metrópole. Esse realismo gerou uma identificação, e afastou o filme de clichês, sendo um dos principais pontos responsáveis por tornar TDK a obra incrível que é.

Batman: O Cavaleiro das Trevas - Cena do interrogatório

“Você me completa” – A clássica cena do interrogatório

O filme que mudou a estrutura do Oscar

Nos dias atuais, é comum encontrarmos filmes populares sendo nomeados para o principal prêmio do cinema, mas nem sempre foi assim. Antes de Batman: O Cavaleiro das Trevas ser lançado, era muito visível a divisão que existia entre filmes blockbusters, e aqueles criados já pensando na estatueta do Oscar.

Batman TDK conseguiu um feito incomum: Agradar não só o grande público, como também, os membros da Academia. A versão de Christopher Nolan da história do herói de Gotham conseguiu unir todos os povos.

O filme arrecadou US$ 1 bilhão, sendo metade somente nos Estados Unidos, e garantiu 8 indicações ao Oscar nas categorias: Melhor edição, Melhor Fotografia, Maquiagem, Direção de Arte, Mixagem de Som, Efeitos Visuais, Edição de Som e Melhor Ator Coadjuvante (Heath Ledger).

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Percebeu que a principal categoria ficou de fora? Sim. O Cavaleiro das Trevas não recebeu indicação para melhor filme, e isso, causou um misto de decepção e injustiça em todos. O público contava com a indicação. Para a grande maioria da mídia, a obra de Nolan era o melhor filme do ano, e no mínimo, deveria estar entre os indicados, todavia não foi o que ocorreu.

“Como não reconhecer um filme que era consenso ser uma grande experiência, um grande filme? Estava no topo da lista de vários críticos e várias publicações relevantes no mundo do cinema” – Waldemar Dalenogare (Critcs Choice)

A atualização na lista de indicados

Até mesmo internamente dentro da equipe do Oscar havia uma certa decepção por Batman não estar presente. A academia foi muito criticada por sua decisão, e muito se falava sobre a preferência histórica que os membros do Oscar tinham, por filmes de Drama, em detrimento de outros gêneros.

Após toda a pressão externa, uma mudança foi anunciada: Para não ocorrerem mais injustiças como a que TDK passou, o número de indicados aumentou de 5, para 10. Essa atualização sofreu ajustes ao decorrer dos anos, porém ainda hoje, reflete em cada nova cerimônia.

O Coringa de Heath Ledger, e a história sendo escrita

Bem como ocorreu com Robert Downey Jr, ao ser anunciado como o ator que interpretaria o Homem de Ferro nos cinemas, Heath Ledger também sofreu uma chuva de Hate e desconfiança descomunal. A escolha de Ledger como coringa não agradou nenhum pouco os fãs,  com a situação ficando ainda pior, ao ser revelada a primeira imagem do ator caracterizado, mas essa percepção logo foi mudada quando todos assistiram uma das maiores interpretações da história em ação.

“Onde está a maquiagem clássica? Esse não é o Coringa que conheço”.

Talvez esse foi o pensamento de muitos que reclamaram do visual e escolha, afinal, era algo diferente de tudo que já foi feito. Fato é que, do mesmo modo que Downey Jr calou a boca dos críticos, Heath Ledger fez o mesmo, reforçando a importância de não reclamar, mas sim, buscar entender.

Primeira imagem do Coringa de Heath Ledger

First Look do Coringa de Heath Ledger

A ascenção de um dos maiores vilões da história

Diferentemente de Thanos em Vingadores, Killmonger em Pantera Negra, ou Ozymandias em Watchmen, o Coringa de Heath Ledger não possui uma causa nobre por trás de seu plano maquiavélico. O que vemos, é um Coringa que não busca dinheiro ou poder,mas sim algo muito mais abstrato: Ver o circo pegar fogo.

Assistimos um psicopata anárquico em ação, em uma busca frenética por provar que todos, qualquer pessoa por mais pura que seja, pode se tornar corrupta, pode pegar uma arma e disparar contra um inocente. A imprevisibilidade do vilão, é impressionante. Não sabemos o que virá pela frente, o que ele será capaz de fazer para provar sua tese.

Coringa de Heath Ledger

Ledger entrega a sua melhor atuação, nos presenteando com um personagem impecavelmente carismático, sádico e assustador. Antes da cerimônia, a mídia já definia sua vitória como algo esperado, e merecidamente, isso aconteceu, coroando e homenageando a memória de Heath Ledger para sempre.

O Oscar póstumo foi o ponto alto da cerimônia. Todos esperavam, foi o pico de audiência. Todos queriam assistir aquele ator brilhante, sendo reconhecido, ainda que de forma tardia. Ledger não está mais entre nós, no entanto, podemos nos lembrar de todo o amor e vida que ele dedicou em seu último papel. As cortinas da vida se fecharam, mas os aplausos, são eternos.

A receita perfeita de uma verdadeira obra prima

Em meio a tantas cenas épicas, como a sequência inicial do assalto ao banco, a decisão do povo nas duas balsas, a invasão de Coringa em busca de Harvey Dent ou o histórico momento do interrogatório, encontramos diversos embates filosóficos, frases de efeito e ação da mais alta qualidade.

São 2h30 de um verdadeiro espetáculo, sendo o primeiro filme de heróis filmado em IMAX. A CGI ficou em segundo plano, dando espaço para sequências absurdamente lindas, construídas de forma prática, no tradicional padrão de Nolan.

É uma experiência de encher os olhos, um drama emocionante e real, que prende até mesmo aqueles que nunca levaram a sério filmes inspirados em quadrinhos. A busca de Coringa por transformar Harvey Dent em um homem mal, assassinando sua esposa e queimando sua face, é algo muito bem arquitetado, bem como todo o debate sobre integridade, corrupção e loucura.

A trilha sonora de Hans Zimmer

É difícil encontrar no cinema, uma parceria melhor do que Hans Zimmer e Christopher Nolan. Juntos, os dois somam filmes incríveis, entregando sempre uma perfeita sinergia entre cena e trilha. Em Batman: O Cavaleiro das Trevas, não é diferente. Zimmer está impecável, entrega um dos seus melhores trabalhos e abrilhanta a obra de Nolan como só ele poderia fazer.

Comissário Gordon

Gary Oldman interpreta o comissário Jim Gordon

A definição de heroísmo

“Ou você morre herói, ou vive o bastante para ver você mesmo virar vilão, eu posso ser as duas coisas […] Eu sou o que Gotham precisar”

Para coroar e fechar com chave de ouro, temos um dos mais belos discursos do cinema. Harvey Dent se tornou o vilão que o Coringa queria, e caso o povo de Gotham descobrisse isso, perderiam o último resquício de esperança que eles possuiam.

Dent representava para Gotham a crença de dias melhores, a expectativa de que “o amanhecer” estava chegando. Harvey Dent é o herói que Gotham merece. Batman, o que ela precisa.

É com este embate filosófico que o filme termina, reforçando que o papel do homem morcego transcende as características do heroísmo comum. Batman é um guardião, um cavaleiro pronto para aparecer ou sumir, sempre que sua cidade precisar.

Gordon consegue resumir em poucas palavras toda a filosofia por trás desta discussão:

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“Porque ele é o herói que Gotham merece, mas não o que ela precisa agora. Vamos caçá-lo…porque ele aguenta. Porque ele não é um herói. É um guardião silencioso…um protetor zeloso. Um Cavaleiro das Trevas”

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[title text=”Um legado, que dura até hoje” style=”bold_center”]

Batman: O Cavaleiro das Trevas, lançado em 2008, é  uma continuação de Batman: Begins, de 2005, e tem como sequência: Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, de 2012. Mesmo mais de 10 anos depois do início dessa trilogia, é impossível não se arrepiar, se emocionar e reverenciar a obra de arte que nos foi entregue.

Em uma pesquisa rápida nos Tweets recentes que citam o filme, é fácil encontrar quem ainda hoje se surpreende com a riqueza da obra de Nolan:

 

O filme continua como top 1 de sua categoria no IMDB, e é o responsável por abrir as portas do universo cinematográfico Nerd que hoje presenciamos. Dessa forma, não há como negar tamanha importância de TDK, então o que nos resta é celebrar a época mais Nerd dos últimos tempos.

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